segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010


Encerro essa período intenso com bastante otimismo e disposição. Intenso por que tive durante 10 dias a presença do meu sócio "inglês" Beto Muñoz. O Beto é daquelas pessoas definitivas. Daquelas que não abrem muito espaço para especulações. Terra é terra, água é água. Prá mim que convivo diretamente com a "mediação" da política essa visita ajuda a dimensionar as outras formas de pensar e a compreender que nem tudo pode ser tratado dialeticamente. De fato tem coisas que simplesmente são, não cabe antítese. Além disso, o Beto é meu irmão. Passar algum tempo com ele é sempre bom.


De certa forma, tem me incomodado sobremaneira, essa necessidade de encontrar explicações para sensações e/ou sentimentos. Em geral, todos buscam uma explicação racional para acontecimentos irracionais. É como achar que a raça humana é lógica. Descartes é apenas um filósofo destemido que buscava explicar a sua (dele) forma de pensar. Se ele era cartesiano, paciência. Agora imaginar que a humanidade podia ser, loucura, ou no mínimo bobagem. Esse tipo de irracionalidade gerada a partir das emoções se explica por si mesmo: são emoções, cada um controla como pode.


A irracionalidade da humanidade parece crescer a cada período, sem demontrações de que a tecnologia, a religião, a filosofia, possam ter colaborado para que a razão assuma papéis mais efetivos (aqui cabe um parêntese: embora tenha, por apuro literário, colocado a religião na lista de quem possa buscar "razão", o tipo de "razão" que a religião busca não me é nem um pouco cara, ao contrário, dispenso e condeno). Esse crescimento irracional aflora em situações corriqueiras (o trânsito) até catástrofes (o Haiti), onde reações estúpidas acarretam em desastres maiores que o anterior.


Mas o que eu quero dizer com tudo isso? Não faço a menor ideia. Só acho que se fossemos Vulcanianos (Vida Longa e Próspera!), a vida não teria graça nenhuma. As irracionalidades, as irresponsabilidades, os desatinos, podem, e devem, fazer parte da vida. Cada um com sua causa e com sua consequência.


Só o seguinte, como diria o Kant (minha proximidade com filósofos é algo!), não faça aos outros o que não gostaria que fizessem contigo, ou em bagualês: se não quer confusão, não amarra porongo nos tentos!


Tenho dito.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010




















Barco Perdido
Julio Saldanha

“ainda sinto nos recuerdos teu perfume
Embora saibas que há tempos te perdi
Vou carregar a solidão sempre comigo
Porque eu não quis, e não quero repartir
Quando o sol rasgar o chão trazendo um dia
Não estarei mais a teu lado a te beijar
Talvez outro que te aceite repartida
Deita a teu lado pra aquecer o meu lugar”

Passou como passa nas águas de um rio
Um barco perdido sem remo ou patrão
Na calma da noite brincou no remanso
Seguindo o balanço do meu assovio

Tu fostes o barco que o rio carregou
Eu fui o remanso onde o barco brincou
E hoje eu me indago nas noites de paz
Meu barco perdido, por onde andarás?
Por onde, por onde, por onde andarás?

Os gaudérios também amam.












Flor do Sul
Julio Saldanha


Senti o teu cheiro nas flores do campo
Quando a primavera se fez como tu
Eu vi nas coxilhas teu corpo estampado
E versos cantados no canto do anu

Na brisa do vento teus longos cabelos
Num doce bailado de fios de capim
Até o sol da tarde se fez mais ameno
Nos passos serenos que viestes pra mim

Eu vi teu encanto de flor camponesa
De musa e princesa dos dias do sul
Guria bonita, menina formosa
Com jeito de rosa, vestida de azul

Eu vi teu murmúrio na água da sanga
E lábios sorrindo pra quem esperou
O vento passou e levou nossos medos
Deixando o carinho que a alma plantou

Eu vi teu afeto no jeito que olhaste
E sei que notaste que trago no olhar
Um homem do campo que atrás da rudeza
Esconde a grandeza de tanto te amar