sexta-feira, 18 de abril de 2008

Quando a paciência perde a paciência.

Paciência e sobriedade são duas qualidades das mais afeitas ao Galvão. Isso todo mundo sabe. O Galvão é quase um monge tibetano, dada sua tranqulidade e parcimônia. Por tudo isso o que mais ouvi sobre o episódio envolvendo o Galvão e o seu Alamir foi: "mas o que esse guri fez para tirar o Galvão do sério?". Não sei exatamente o que o guri fez, tampouco escutei do próprio Galvão o que aconteceu. O que eu sei é que esse guri merecia isso há muito tempo. Não. Não sou um defensor da violência, também não acho que as coisas devam ser resolvidas nas vias de fato. Mas ao mesmo tempo, vejo a sistemática com que esse guri se utiliza irresponsavelmente do seu mandato de vereador. Seu espaço, ao invés de acrescentar, é uma catilena de impropérios e sandices. Esse guri, remói um ódio feroz por aqueles que não pensam como ele, ou não se locupletam como ele. Esquece, esse guri, que nada mais é que uma correia de transmissão de outrém, não mais qualificado. Não detém nem um mandato verdadeiro, afinal são votos transferidos por outro. Outro que tivesse escolhido um anencéfalo, teria ganhado mais. Outra coisa, não falo nada em tese. Eu vi a prática desse guri em diversas oportunidades. Se o guri apanhou, fez por merecer. Se a paciência perdeu a paciência, fez por muita gente, inclusive por mim. Afinal, como eu aprendi com meu pai, não se chama um homem de covarde sem esperar reação. Covarde o Galvão seria, se não tivesse feito nada.

sábado, 29 de março de 2008

UM COELHO “DOUTOR”!

Publico esse texto do meu tio João Gilberto Lucas Coelho, parabenizando meu primo Tuia pelo seu doutorado.
Com a inveja saudável e esperando que o feito faça eu tomar vergonha na cara, esse texto conta brevemente uma história linda de parte da minha família. O Artur merece, assim como merecem o Tio João e a Tia Albane. Assim como merecem todos os Coelhos e Pfeifers.

"Na sexta-feira, 28 de março de 2008, no Instituto de Física da UFRGS, quando a banca aprovou a tese de doutorado em microeletrônica “Isolação Elétrica por Implantação Iônica em GaAs e AIGaAs” do aluno Artur Vicente Pfeifer Coelho, um ciclo se completou.
Olho para os lados, até onde meu conhecimento genealógico alcança, não conseguindo encontrar outro parente Coelho “doutor”. É um feito para esta família que no século XIX fora proprietária significativa de terras em Quaraí, mas que amanheceu o vigésimo século em situação muito modesta. E é nesta condição dura e desafiadora que cresceu o Vicente, pelo que se conta órfão de mãe ainda cedo e de pai já quase adulto. Foi peão, tropeiro, capataz, administrador e, já pela metade do século quando nasci, proprietário de uns duzentos hectares onde praticou a pecuária daqueles tempos e fez chácara e pomar. Tinha rudimentos de instrução, uma bela letra e facilidade com os números nas quatro operações básicas. Foi ele quem decidiu que haveria de fazer um “doutor” na descendência. Mas, doutor naquele tempo era médico e ele sonhou que seu primeiro filho varão haveria de sê-lo e até se mudou para a cidade, a fim de facilitar a educação do menino. Decepcionei-o, primeiro com a vontade infantil de ir para o seminário, depois com a escolha do direito; advogado era sim doutor, mas não era a mesma coisa que médico! Ou seja, sem ter tido chance de estudar naqueles tempos, Vicente decidiu que aos filhos não faltaria tal oportunidade e seu orgulho teria sido ver um médico entre eles.
E a Celina, então! Faz parte do folclore da família que lá pela segunda década do século XX o pai dela, Sabino, decidiu ensinar aos filhos homens leitura, escrita e as tais quatro operações matemáticas. E se aplicou a tal. Nestas aulas domésticas a Celina, única filha, ficava escondida atrás da porta e assim aprendeu a ler e escrever e a fazer as contas, driblando a discriminação paterna. Foi essa mulher tão decidida que me ensinou a rimar e antes de ler ou escrever, ainda morando no campo, fiz minha primeira estrofe, uma quadrinha em homenagem à Rama Negra, uma égua “pecherona” que, para surpresa de todos, ganhava carreiras em cancha reta no Garupá. Foi a pioneira das dezenas de poesias que escreveria até a juventude... Foi ela também que me indicou os caminhos da curiosidade científica, mostrando de cada borboleta em que vegetal colocava ovos, quanto tempo para nascerem as lagartas e assim por diante. No ginásio, fiz um trabalho de ciências a respeito que me rendeu até ser recebido num almoço do Rotary Clube da cidade para expor a bem sucedida experiência (ou observação científica)...
Pois é. Vicente e Celina tiveram vida suficiente para ver um filho deputado federal, mas não chegaram a conviver com um verdadeiro doutor na família.

Foram as coisas do coração, o enlevo e a paixão, que levaram um filho do Vicente e da Celina a unir-se a Albanise e a uma genética privilegiada. Os Pfeifer acumulam lauréis e destaque científico e cultural, além de incluírem em sua árvore genealógica diversos médicos, os tão sonhados “doutores” para o Vicente.... E ele logo se apegou à nora, encantado (e ainda era filha de médico!).
Na prole resultante desta união o gosto pelas coisas do intelecto, das artes e das ciências, sempre esteve presente. Quantos casais possuem no seu ninho quatro mestrados?
Sempre senti bem disfarçado orgulho disto. Não mais cabe aos pais sugerirem aos filhos este ou aquele caminho. Cada qual escolheu o seu e escondi sempre o sorriso satisfeito, a emoção e uma certa vaidade, para que jamais pressionasse ou induzisse. Não existiu qualquer indução a esta ou aquela profissão. Sequer compareço às defesas de dissertações, para que a presença não atrapalhe ou misture sentimentos de gerações a momento tão especial e particular.
Mas, me sentia endividado com o velho Vicente que há tantos anos nos deixou. Não atendi a qualquer dos seus anseios. Quando no fim da vida me disse, triste, que achava que os filhos venderiam sua propriedade em Quarai, desconversei... faleceu, pouco depois, e nós, herdeiros, vendemos o campo dele! O presente que encomendou à sua adorada afilhada (“Quando puderes, compra uma chácara para que ela tome gosto pela vida do campo...”), não foi e, pelo jeito, nunca será entregue! Em todo o caso, sem qualquer interferência minha, a afilhada revelou-se hábil cavaleira e entusiasta do convívio com animais, o que certamente o faria sorrir orgulhoso.
E agora, o Artur Vicente, que ele nem chegou a ver sem fraldas, cumpre a destinação que o velho de vida rude e sonhos intelectuais para a descendência tanto desejou: é um verdadeiro doutor! Talvez, onde se encontre, nem entenda bem ainda o que é ser físico, o que é microeletrônica e, muito menos, o complexo título da tese de doutorado e as estafantes experiências que levaram a este. Mas, não deixará passar o orgulho quando lhe contarem que tem um neto doutor de verdade! Certamente, a Celina, com sua paixão pela leitura e a assinatura de tudo o que era revista informativa dos tempos em que a ciência deslanchava, irá saber explicar bem o que é ser físico e vai contar que a família não tem apenas um doutor, tem um cientista!
Que alegria que o Dr. Arthur e a Dona Alba estão aí, presentes e ativos, para verem o primeiro neto de sua linhagem Pfeifer alcançar o doutorado!
Mas, se alguém vir um vulto de outro mundo cavalgando pelas noites do Garupá, enrolado num poncho e resmungando alguma coisa solitariamente, não se preocupe: o Vicente é assim mesmo, cada vez que a gente alcançava um sucesso na escola, quando ele ia elogiar parecia estar xingando porque a emoção de homem rude mais parece resmungo! Será o Vicente sim, cavalgando, balbuciando orgulho e emoção!
Não torci para que o Artur Vicente emendasse – como o fez – o doutorado ao recém concluído mestrado. Pelo contrário, temi que sua saúde sofresse consequências por tamanho desafio, ainda mais em área tão complexa e exaustiva. Decisão adotada, respeitei e apoiei. Agora que tudo passou, o ciclo se completou, é hora de revelar o significado desta façanha: do lado Coelho dessa filiação trata-se de feito ímpar, o primeiro a alcançar o doutorado que eu saiba. É o culminar de um processo que iniciou nas primeiras décadas do século XX quando o Vicente tropeando pelos rincões deste Rio Grande, talvez maldizendo suas condições de vida, decidiu que um seu descendente iria ser “doutor”. Ou quando a Celina, atrás da porta, escolheu aprender a ler, escrever e fazer contas contra a vontade paterna de que só os varões precisavam deste tipo de instrução. Foi decisão e determinação deles. Nós, até sem noção exata da missão, apenas a cumprimos! Festejemos, então!

João Gilberto "

Confesso que terminei o texto chorando.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Esse é genuíno!


Não pude escapar do trocadilho com o nome deste que é uma das maiores capacidades na política brasileira: José Genoino.

Estive em POA neste final de semana e fui privilégiado com dois momentos inesquecíveis. Primeiro a saudação do Genoino aos participantes do encontro da Unidade na Luta. Nesta fala, o ex-guerrilheiro contou que a maior dificuldade dele, era explicar ao pai, um sertanejo que vive no interior de Quixeramobim no Ceará, a lógica da sua trajetória. Esse pai zeloso não entendia porque seu filho foi embora da cidade para estudar, foi expulso da universidade, se embrenhou no mato para derrubar o governo, foi preso, virou deputado federal e, pasmem, não melhorou financeiramente de vida. Por último, alcançou um grande sonho, foi presidente nacional do PT e, na contramão de suas intenções, passou a ser chamado de corrupto. Esse pai, inteligente na sua ignorância, não entende o porque dessa luta toda para terminar com seu filho, que ele conhece muito bem, sendo chamando de chefe de quadrilha. Genoino foi e é um homem que entrega sua vida pela luta dos trabalhadores. Começou como um guerrilheiro que travou a luta armada por uma revolução social e hoje encabeça a frente dos parlamentares que mais lutam pela democracia e pelos direitos humanos. Contradição? Não. Evolução. Posições de um homem que por ele mesmo "...assume suas idéias e posições com toda a radicalidade possível." Ou seja, não um "salame" que se aproveita de momentos, mas um militante do Partido dos Trabalhadores.

Nesse breve discurso, onde rapidademente falou de sua trajetória, meu sentimento era de pura admiração e emoção. Em vários momentos me peguei com os olhos cheios d'água, e olhando em volta encontrei vários companheiros na mesma situação. Genoino é dos que fazem chorar. Pela coragem que teve ao fazer, e pela coragem daquilo que ainda fará.

Num segundo momento, fui no lançamento do livro de José Genoino, que conta toda a sua história. Evidentemente, adquiri o livro e ele autografou com uma mensagem simples: " Ao companheiro Clayton Coelho. Companheiro na lutas que passaram e nas que virão. Um abraço, José Genoino". Eu acho que eu balbuciei alguma coisa do tipo, "muito obrigado", "obrigado por tu do que fez", sei lá! Realmente não lembro. Um aperto de mão forte, um olhar no olho e abandonei a fila dos autógrafos carregando aquele livro como se fosse meu maior tesouro, e com certeza, naquele momento era. Minha sensação misturava euforia com esperança. Esperança em acreditar ainda na raça humana. Se pode fazer um José Genoino, pode fazer gente melhor do que normalmente aparecem por aí. Esperança. Essa palavra já representou muito em minha vida. O Genoino fez eu buscá-la lá no cantinho do cérebro onde estava esquecida. Obrigado Zé.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

PAC

Todos os cinco que lêem meu blog sabem o tom crítico que as vezes imprimo em meus comentários. Não posso me furtar de elogiar quando necessário se faz.
Tive a oportunidade de visitar as obras do PAC em Santa Maria, algumas, as primeiras apenas. Fiquei realmente impressionado com a dimensão das obras. Mas principalmente, impressionado com o alcance social delas. São milhares de pessoas beneficiadas. Gente que caminhava por cima da merda dos esgotos e agora, sim, agora, já tem canalização de esgotos e pavimentação de ruas.
Visitei as obras do residencial Cipriano da Rocha, que vai receber moradores deslocados de áreas de risco da cidade. Falei com moradores beneficiados pelas obras. Prá quem não sabe, nasci em vila. Com orgulho nasci na Vila Caramelo e lá morei até os 12 anos. Quem conhece a realidade das vilas sabe o que é sinceridade e o brilho no olhar de um morador. A faceirice (não consegui achar termo que melhor designasse) daquela gente é gritante. Quase um grito de emancipação. Ainda fiquei sabendo que no final do PAC em Santa Maria serão 2600 novas moradias, pavimentação e esgoto em dezenas de ruas e, principalmente, a recuperação total do Arroio Cadena. Repito, a recuperação total do Arroio Cadena.
Radicalizei. Quem falar mal do governo Lula é um elitista e um conservador. E ponto.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Não tem preço

Tem dois anos que pedi exoneração da Prefeitura de Santa Maria, onde ocupava um cargo em comissão. Tinha que cumprir tarefas com incumbências superiores ao meu salário. Embora as vezes incomodado com isto, aceitei a tarefa por ter responsabilidade partidária (até então) e pela minha cidade (acreditem, torço sempre por Santa Maria). Diga-se de passagem, se fosse pela minha mãe, eu não teria aceitado.
Bueno, quando pedi para sair, muitos colegas da prefeitura não acreditavam que alguém pudesse abandonar um emprego "desses" com tanto desprendimento. Inclusive, vários desses "companheiros" insinuavam que eu havia sido exonerado por não ter feito campanha.
Aqui cabe um aparte: faço campanha desde piá para o MDB (embora saiba que os dias mudaram, tenho orgulho em dizer que faço parte de uma família que sempre lutou pela democracia, não tenho nenhum parente próximo que tenha sido da ARENA), sou filiado ao PT desde 1987. Ajudei em todas as campanhas daí em diante, financeiramente inclusive. Dentro das minhas possibilidades, é claro. Poderia citar uma a uma, mas não é a intenção desse post e correria o risco de alguns leitores não lembrarem de todas, até porque estavam em outros partidos.
Imagino que esses "companheiros" não sabem que exista vida fora da prefeitura, fico preocupado quando acabar o mandato e esse CCs não encontrem mais o que fazer, e causem um aumento na taxa de desemprego da cidade. Felizmente, eu tenho profissão, não preciso nem dizer qual é porque quem me conhece, conhece meu trabalho. Isso tem nome: reconhecimento. Sei que tem melhores que eu, mas tem piores também.
Tem um poema do Shakeaspeare que conta a história de uma passarinho preso em uma gaiola que recebia alpiste todo dia. Certo dia, a porta da gaiola abriu e ele ficou em dúvida se saia. Afinal não é facil arrumar comida em um mundo tão grande. Teria que voar muito, todos os dias, atrás da sua alimentação. Ele saiu da gaiola. Tinha um motivo muito forte. Apesar do alpiste todo dia, não há nada como a liberdade. E se tinha que voar mais para comer, não tem problema. Afinal com liberdade e ele conheceria muito mais e abriria novos horizontes.
Luciano, Gerri, Kalu, Fran, Dai. Não tem preço. Lealdade não tem preço. Tenho orgulho de ser amigo de vocês.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Para 2008:

Dadas as mudanças ocorridas no ano de 2007, encontro necessidade de estabelecer algumas considerações sobre as minhas atitudes para com o mundo neste ano que começa:

1) Cuidar de mim e dos que se importam comigo;
2) Não acreditar em ninguém que conjugue na primeira pessoa do singular o verbo fazer (especialmente políticos);
3) Dedicar-me somente, e tão somente, aos velhos e bons amigos. Ter muito cuidado com aqueles que se aproximam em alguns momentos;
4) Jamais esquecer que a política não faz amigos;
5) Não perdoar os traidores;
6) Continuar defendendo a minha cidade;
7) Manter a opção por aqueles que pouca chance tiveram e/ou tem;
8) Não ser mais sempre o último a receber;
9) Fazer da PAZ referência em programas de conteúdo;
10) E finalmente, de uma vez por todas aprender inglês e After Effects.

Em que pese as variantes e desdobramentos de cada resolução, basicamente é isso.