Não pude escapar do trocadilho com o nome deste que é uma das maiores capacidades na política brasileira: José Genoino.
Estive em POA neste final de semana e fui privilégiado com dois momentos inesquecíveis. Primeiro a saudação do Genoino aos participantes do encontro da Unidade na Luta. Nesta fala, o ex-guerrilheiro contou que a maior dificuldade dele, era explicar ao pai, um sertanejo que vive no interior de Quixeramobim no Ceará, a lógica da sua trajetória. Esse pai zeloso não entendia porque seu filho foi embora da cidade para estudar, foi expulso da universidade, se embrenhou no mato para derrubar o governo, foi preso, virou deputado federal e, pasmem, não melhorou financeiramente de vida. Por último, alcançou um grande sonho, foi presidente nacional do PT e, na contramão de suas intenções, passou a ser chamado de corrupto. Esse pai, inteligente na sua ignorância, não entende o porque dessa luta toda para terminar com seu filho, que ele conhece muito bem, sendo chamando de chefe de quadrilha. Genoino foi e é um homem que entrega sua vida pela luta dos trabalhadores. Começou como um guerrilheiro que travou a luta armada por uma revolução social e hoje encabeça a frente dos parlamentares que mais lutam pela democracia e pelos direitos humanos. Contradição? Não. Evolução. Posições de um homem que por ele mesmo "...assume suas idéias e posições com toda a radicalidade possível." Ou seja, não um "salame" que se aproveita de momentos, mas um militante do Partido dos Trabalhadores.
Nesse breve discurso, onde rapidademente falou de sua trajetória, meu sentimento era de pura admiração e emoção. Em vários momentos me peguei com os olhos cheios d'água, e olhando em volta encontrei vários companheiros na mesma situação. Genoino é dos que fazem chorar. Pela coragem que teve ao fazer, e pela coragem daquilo que ainda fará.
Num segundo momento, fui no lançamento do livro de José Genoino, que conta toda a sua história. Evidentemente, adquiri o livro e ele autografou com uma mensagem simples: " Ao companheiro Clayton Coelho. Companheiro na lutas que passaram e nas que virão. Um abraço, José Genoino". Eu acho que eu balbuciei alguma coisa do tipo, "muito obrigado", "obrigado por tu do que fez", sei lá! Realmente não lembro. Um aperto de mão forte, um olhar no olho e abandonei a fila dos autógrafos carregando aquele livro como se fosse meu maior tesouro, e com certeza, naquele momento era. Minha sensação misturava euforia com esperança. Esperança em acreditar ainda na raça humana. Se pode fazer um José Genoino, pode fazer gente melhor do que normalmente aparecem por aí. Esperança. Essa palavra já representou muito em minha vida. O Genoino fez eu buscá-la lá no cantinho do cérebro onde estava esquecida. Obrigado Zé.